quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O USO DA HISTÓRIA NO ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA ABORDAGEM DO TEOREMA DE PITÁGORAS.

Adrielle Cristine Mendello Lopes
Graduanda em Licenciatura Plena em Matemática (UEPA)
Ana Paula Cardoso
Graduanda em Licenciatura Plena em Matemática (UEPA) e Pedagogia (UFPA)
João Paulo da Silva Cardoso
Graduando em Licenciatura Plena em Matemática (UEPA)


RESUMO: A educação matemática surgiu para contribuir com ensino da matemática por meio de suas tendências, neste sentido analisaremos o uso da história no ensino de matemática abordando como esta tendência auxilia no processo de ensino-aprendizagem do educando no assunto pertinente ao Teorema de Pitágoras, seja por metodologias baseadas em leitura de textos históricos ou por demonstrações realizadas.
Palavras-Chaves: História da matemática, Teorema de Pitágoras, Aprendizagem e Leitura.

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

     A Educação Matemática surgiu com a idéia de estudar e construir princípios da relação da prática pedagógica do ensino de matemática. Neste sentido entendemos quando Siqueira (2007) fala que este tema apresenta algumas tendências pedagógicas, como a história da matemática que tem por fim auxiliar o processo de ensino-aprendizagem e o interesse dos alunos.

     Nesta perspectiva, este trabalho tem por objetivo analisar de maneira geral, o uso da história no ensino de matemática de nas suas diversas relações, e especificamente o ensino do Teorema de Pitágora com o auxílio da história da matemática. E também, discutir como este tema pode auxiliar as instituições de ensino a romper a ideologia que a matemática é uma ciência que a maioria das pessoas não consegue aprender por ser abstrata.

     A história da matemática é um dos elementos fundamentais que envolvem leitura e matemática. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática de 5° a 8° séries (1998) indicam o uso da história no ensino da matemática sendo uma forma dos alunos aprenderem os conceitos matemáticos por meio do passado e do presente, compreendendo assim a construção de diversas fórmulas na matemática.

     Deste modo verificamos a importância do uso da história no ensino da matemática, pois segundo Freire (1996) explica que formar é muito mais que realizar a prática da educação bancária que apenas treina o educando, mas é acima de tudo buscar novas metodologias de ensino para que a sala de aula de matemática torne-se um local de investigação, produção de conhecimentos e de experiências.

     Sendo assim, o uso da história da matemática é fundamentalpara as práticas pedagógicas na sala de aula de matemática, pelo fato de o sentido dos fatos matemáticos estarem presentes na realidade dos alunos.

A HISTÓRIA E OS SEUS OBJETIVOS

     O homem relaciona-se com a matemática desde o princípio da humanidade, com o objetivo de estimar quantidades, sejam elas animais, frutas, pedras, enfim tudo aquilo que for da vivência dele na visão de Miorim (1998). Como percebemos a história nos remete a narração de fatos e acontecimentos ocorridos.

     Neste contexto podemos analisar que a construções dos conceitos matemáticos prontos e acabados surgiram de um longo processo histórico, e que como cita Siqueira (2007):


   “Conhecendo a História da Matemática é possível perceber que as teorias que hoje aparecem acabadas e elegantes resultaram sempre de desafios que os matemáticos enfrentaram, que foram desenvolvidas com grande esforço e, quase sempre, numa ordem bem diferente daquela em que são apresentadas após todo o processo de descoberta.” (Siqueira, 2007, pág. 26).

    Com esta análise, o educando vai passar a perceber que a matemática passou por diversas transformações ao longo do processo histórico, compostas de erros e acertos, e não como verdades absolutas. Desta forma, passa a ser uma disciplina significativa.

     A esse propósito, Mendes (2001, pág. 34) destaca que “À medida que busca compreender a realidade histórica na atividade investigatória, o aluno estará construindo para si, informações matemáticas contidas na realidade investigada”. Segundo estas idéias o educando passará a ter uma postura critica e reflexiva.

     Conforme explica Fonseca e Cardoso (2005), para poder interpretar os problemas matemáticos, o aluno precisa acima de tudo compreender do que ser trata o texto, em uma linguagem clara e coerente. Para ele ter esta compreensão é preciso que a leitura e a compreensão de textos sejam muito bem trabalhadas nas aulas, seja ela de matemática ou de língua portuguesa.

     Contudo, compreendemos quando Mendes (2001) fala que os livros didáticos de matemática muito pouco ou nada apresentam assuntos relacionados a história da matemática, reduzidos a biografia de célebres matemáticos, fato este que comprova o não interesse de muitos autores pelas tendências da educação matemática.

     Mas o professor por ter um papel importantíssimo na sala de aula, deve elaborar atividades que explorem ao máximo metodologias de ensino que envolva a história no uso da matemática. Como, por exemplo, leituras paradidáticas como o volume “Contando a história da matemática” de Guelli (1995) ao qual mostra informações a respeito das noções do triângulo retângulo e as idéias Pitagóricas despertando a reflexão do pensamento matemático no aluno.

     A este respeito a leitura de textos em aulas de matemática buscam fazer com que os alunos construam um novo olhar para a linguagem matemática. Um olhar que não seja preso a metodologias que estejam agarradas a álgebra pura ou a cálculos que muitas vezes só professores e poucos “bons alunos” conseguem resolver.



A HISTÓRIA DO TEOREMA DE PITÁGORAS E O SEU ENSINO

     De acordo com Eves (2004) o Teorema de Pitágoras não foi descoberto por Pitagóras, mas talvez por matemáticos que estudavam em sua escola Pitágora. Contudo, o que se sabe que o Teorema que foi demosntrado a apartir de dois quadrados, mas antes mesmo da primeira demonstração ( ver figira 1) este teorema já era conhecido por Babilônios há centenas de anos atrás e também pelos chineses por volta do ano 200 a.c.


Figura 1:Primeira demonstração do Teorema de Pitagóras

     Após esta demonstração muitas outras surgiram, entratando não é o objetivo deste trabalho analisar todas, mas a pertinente ao 6° ano do Ensino Fundamental, que corresponde ao enunciado “a área do quadrado sobre a hipotenusa de um triângulo retângulo é igual à soma das áreas dos quadrados sobre os catetos.” Ver figura 2.


Figura 2: Demosntração do Teorema de Pitagóras por meio da área.


     Analisando a importância do Teorema de Pitágoras no dia-a-dia, ele pode ser aplicado para calcular a inclinação da rampa de um telhado ou o raio aproximado da terra, ou também para fixar exatamente o ângulo de 90º entre duas paredes a serem construídas.

PROPOSTA DE ATIVIDADE EM SALA DE AULA

    Os Paramêntros Curriculares Nacionais de Matemática de 5° a 8° séries(1998, pág. 89) sugere “verificações experimentais, aplicações e demonstração do teorema de Pitágoras.”

     Neste contexto, o professor deve inicialmente analisar a realidade em que seus alunos estão inseridos e posteriormente planejar as ações metodológicas a serem utilizado nas salas de aula. Por isso se faz necessário que ele compreenda a história da matemática que irá ensinar aos seus alunos, conforme mostra Mendes (2001).

    “Acreditamos que a partir do uso das atividades é possível alcançar os objetivos previstos no programa de ensino, desde que cada professor saiba utilizá-las durante suas aulas, organizando de maneira formal, todo o conteúdo programático, até desencadear em uma série de exercícios de fixação de conteúdo, sempre apoiando nas informações iniciais.” (Mendes 2001. Pág. 69).

    Essas ações metodológicas necessitam ser bem trabalhadas para fixação do conteúdo pois também perpassam pela relação ensino - aprendizagem. Mas para trabalhar com total eficiência a metodologia é necessário que o educador tenha um domínio do conteúdo e da história do Teorema de Pitágoras para poder responder a prováveis questionamentos que poderão ocorrer no decorrer a aplicação metodológica, caso contrário o aluno pode perder o interesse pela proposta apresentada ou até mesmo ficar sem entendê-la, o que não é seu objetivo.

     Com esta análise sugerimos que o ensino deste assunto por meio de sua história e aplicações prática, como por exemplo o professor sugerir para os seus alunos leituras que envolvam essa descoberta do teorema para que deste modo os educandos familiarizem-se com o assunto em questão.

    Com o embasamento histórico e teorico o professor deve posteriomente sugerir aos seus alunos que construam o teorema igualmente a figura 2, e em seguida de modo que cada quadrado seja exatamente igual um ao outro. Logo após, os quadrados da área c e b serão recortados um a um.Posteriormente o professor pedirá aos seus alunos que encaixem os quadrados cortados em cima dos quadrados do lado a.

    Nesta perspectiva, o aluno poderá compreender como o Teorema de Pitagóras foi desenvolvido, e como ele pode ser demonstrado por meio de sua área, confirmando desta maneira o enunciado “ a soma dos quadrados dos catetos é igual o quadrado da hipotunusa”, ou seja, a²= b² + c². Oliveira (2008) sugere que nas atividades metodológicas, o aluno será convidado a decompor os quadrados construídos sobre os catetos em alguns pedaços e depois reagrupar essas peças exatamente sobre o quadrado construído sobre a hipotenusa.

     Sendo assim de acordo com D’Ambrósio (1996) “a história da matemática é um elemento fundamental para se perceber como a teoria e a prática da matemática foram criadas.”
  
CONSIDERAÇÕES FINAIS

     O processo de ensino – aprendizagem necessita de um elo transmissor que é o professor, sobretudo no aspecto da história da matemática.É importante deixar claro a formação e domínio do professor para passar com clareza as informações necessárias como compreender o processo de abstração, principalmente na matemática pois, como já dito no inicio desse artigo, muitas pessoas não conseguem aprender matemática e suas diversas relações por ser abstrata.

    Com esta análise, a aprendizagem significativa vai muito além de passar meros conteúdos em sala de aula, mas passa pelo processo de pesquisa, investigação e relação com a realidade a que alunos e professores estão inseridos. A partir destas idéias levantamos a bandeira de novas metodologias de ensino, não só para o Teorema de Pitagóras, mas para os conteúdos de matemática em geral que podem ser compreendidos de uma forma lúdico, histórica e lógica.



REFERÊNCIAS:

BICUDO, Maria Aparecida Viggiane. Pesquisa em Educação Matemática: concepções & perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1999.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : Matemática /Secretaria de Educação Fundamental . Brasília : MEC /SEF, 1998.
COSTA, R. A; ZUIN, E. S. L. O “teorema de pitágoras” sob uma perspectiva histórica: uma análise de livros didáticos de matemática do ensino fundamental no Brasil Disponível em:http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Comunicacao_Cientifica/Trabalhos/CC03188585683T.doc. Acesso em 19/09/2009.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan, 1932. Educação matemática: da teoria a prática. Campinas, SP. Papirus, 1996. – ( Coleção Perspectivas em Educação Matemática ).
EVES, Howard. Introdução à história da matemática. Campinas, SP. Editora da UNICAMP, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FONSECA, Maria da C.F.R.; CARDOSO, Cleusa de A. - em Lopes, Celli A. E. Escritas e leituras na educação matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
IEZZI, Gelson, 1939. Fundamentos da matemática elementar, 3 : trigonometria – 8. Ed. – São Paulo : Atual, 2004.
GUELLI, O. Dando corda a geometria. São Paulo: Ática, 1995. (Série: Contando a História da matemática).
MENDES, Iran Abreu. O uso da história no ensino de matemática: reflexões teóricas e experiências. Belém: EDUEPA, 2001.
MIORIM, Maria Ângela. Introdução a história da Educação Matemática. São Paulo: Atual, 1998.
OLIVEIRA. J, A. Teorema de Pitagóras. Belo Horizonte. 2008. Disponível em http://www.mat.ufmg.br/~espec/monografiasPdf/Monografia_Juliane.pdf. Acesso em 19/09/2009.
TENÓRIO, R. M. (org.). Aprendendo pelas raízes: alguns caminhos da matemática na história. Salvador: Centro Editorial e Didático da UFBA, 1995.
SIQUEIRA, Regiane Aparecida Nunes de. Tendências da educação matemática na formação de professores / Regiane .Aparecida Nunes de Siqueira. -- Ponta Grossa: [s.n.], 2007.

6 comentários:

Marcele Assunção disse...

Muito interessante este artigo!!!!
mando meu email para trocarmos informações!!!

marcele assunção disse...

Ah o email: marcele_ass@hotmail.com

Viagem na História da Matemática disse...

Obrigada....É com as melhores intenções que escrevemos aqui!

Anônimo disse...

(:P)

Anônimo disse...

Nossa parabéns, esse site é maravilhoso!!!
Muito bom. Obrigada por me ajudarem nas mnhas pesquisas!

Hugo Pena disse...

Muito interessante o blog, desde o meu tcc eu pesquiso na área de historia da matemática e agora na minha monografia não esta sendo diferente, to vendo coisas interessantes aqui! Parabens